quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Boneco de ventríloco, realidade virtual, bebês e tecnologia

Quando eu nasci o homem já havia pisado na lua. Cresci com televisão colorida. Mas a internet era uma novidade disponível apenas na biblioteca quando estava na graduação. Isso faz alguma diferença? Sim. Calma lá, não é minha intenção qualificar um momento da história como "melhor ou pior" por conta da tecnologia então disponível. Interessa-me mais compreender como as pessoas podem ter o jeito de pensar modificado a partir da interface com cada suporte tecnológico, considerando a menira pela qual as pessoas se relacionam com cada nova tecnologia. Especilamente porque a máquina de pensar e sentir que é o "bicho homem" sempre me surpreende na sua infindável capacidade de recriar, reinventar, recontar (não todos...)!

Meu sobrinho, o filhote do post anteiror, tem contato com avós e tias diariamente via internet. A cena é instigante, ele brincando com seu andador com a web cam focada nele e do outro lado a avó também na cam dizendo todo tipo de muxoxo parental que se diz para uma cria: lindinho da vovó, coisa rica, amorzinho, ai que amor! E o pequeno a cada comentário olha para a tela do computador e mostra a gengiva com cinco dentes apenas! Ele reage! Para pensar:
1. Será que ele acha que minha irmã é ventríloca, pois há a voz mas nenhum movimento vindo dela?
2. Será que achará que a avó é um computador?
3. Oi ainda será que ele pensa ela "reside" dentro de um computador?

E ainda: Será que essa nova geração continuará a resitir e inventar definições absurdas para realidade virtual?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sobre filhotes

Estou passando uns dias com minha irmã e meu sobrinho. Ele é bebê. Ele é um filhote humano. É curioso como nossa espécie está se distanciando e tornando artificial o aspecto "bicho" que há em acompanhar o desenvolvimento de um filhote. Eu como bióloga fico só "botando reparo" e pensando no homem das cavernas, imaginando como era o comportamento das primeiras fêmeas e seus filhotes. Meu sobrinho ainda não anda e não segura a mamadeira. Precisa da assitência dos adultos humanos. Fico pensando nos atuais arranjos sociais para essa assitência, a licença maternidade, as creches, as babás...Meu Deus, as mães carregando uma bolsa e a babá com o filhote dela no colo! Anti-natural. Na natureza, só se vê fêmeas não-mães com filhotes em alguns grupos de primatas nos quais tias e sobrinhas se revesam nos cuidados com a cria. Talvez devêssemos copiar esse modelo. Não, mas a lógica mercantilista não permite isso, pois TODOS precisamos ganhar dinheiro, para poder comprar coisinhas, para alimentar o consumismo maluco que nos sufoca. Talvez devêssemos discutir certos aspectos culturais, especilamente aqueles que não estivessem em consonãncia com o que é próprio do bicho homem. Minha irmã mantém-se firme, tenta preservar a "mulher das cavernas" que vive dentro dela, intui um pouco o que fazer, sem ficar maníaca-dependente de manuais sobre "ser uma mãe perfeita". É difícil...Mas de tudo, o que mais em incomoda é quando saímos com ele, o despreparo social para a inserção de um filote na rotina humana. Todos os espaços conspiram para que mães e filhotes fiquem em casa! No consulado, há um cartaz, não pode levar criança. A sensação é de que nos deixam passar na frente porque querem se livrar da nossa presença! É curioso. Volto a falar disso, agora vou trocar uma fralda.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cidades invisíves e amor


Quando eu fazia rádio, pensei um programa sobre cidades, na verdade sobre a cidade na qual eu morava, Belo Horizonte (MG-Brasil). A idéia era "descrever" a cidade, uma esquina, uma fachada, os dizeres em uma placa, os desenhos de uma calçada e perguntar para os ouvintes se eles conheciam o lugar do qual eu falava. Brincando entre amigos, descobri que a cidade é invisível para quem mora nela. Simplesmente, muitos dos meus descolados amigos não re-conheciam uma única imagem descrita! A brincadeira fez com que eles fossem re-apresentados a lugares que já faziam parte de suas histórias e memórias visuais. Eles não haviam "botado reparo". Uma cidade invisível, como no delicioso livro do Italo Calvino, é muitas vezes a cidade de todo dia. Para mim esse proceso de "botar reparo" é uma espécie de enamoramento com a cidade. Você namora a cidade na qual vive? Ficar assim, de bobeira, apreciando uma paisagem, descobrindo cafés, a melhor esfirra da praça, cuidar do jardim da casa (ou da varanda!), olhos nos olhos da vista da biblioteca! Estes pensamentos me chegam agora que estou prestes a ser apresentada a uma nova cidade. Já namorei mais cidades que homens! E aí vem Lisboa, cidade invisível pronta para ter um romance comigo! Mas acho que ele já é batsante amada pelos seus moradores, vejo como a descrevem na internet, textos lindos, paixonados! É muito triste quando uma cidade é "mal amada", como algumas que conheço...No final das contas, sempre termino falando em amor!

domingo, 19 de outubro de 2008

Baladinha da viagem...

Idéias. Este blog nasceu para abrigar as muitas idéias que germinavam saíndo boca a fora, bocas da Rozane e da Ana Paula. Agora que vou estar fora, em lugar ainda existente apenas nas minhas idéias, já imaginaram como minhas idéias estão em estado de efervescência? Pululam! E já imaginaram as "mudas" que trarei para o vivieiro?! Viajar, adubo para as idéias. Por hora, coloco aqui minha balada de viagem, como me sinto, lançando-me...livre e cheia de olhos!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Escola, estufa, jardim, deserto, oásis....


Fiquei com mal estar por não ter escrito nada sobre o dia dos professores, senti-me omissa. Ser professora na minha vida foi uma escolha, não uma falta de opção, como eu vejo muito frequentemente acontecer. Eu ia ser uma pesquisadora* de campo, ia por meio do mato, essa coisas que já contei aqui. Mas fiquei tão infeliz...Via tantas maravilhas e não tinha pra quem contar. Foi então que descobri-me professora.E Deus me abençoou com a escola em que fui trabalhar, o maior presente vindo dos céus na minha vida(até então, né). A escola de cegos. Se havia em mim uma semente para o magistério, ali ela floresceu, espalhou-se, firmou o terreno, criou gavinhas, descobri-me um jardim! Sei, é romântica essa descrição, mas se há uma metáfora para descrever o que se passou comigo, é essa, a de um jardim. Mas não escrevi ontem porque no momento, estou mais para uma estufa do que para um jardim. Quem é estéril não merece a sala de aula, ambinete de fecundidade. No momento estou meio desértica. Alguém sabe de um oásis?
* Sou pesquisadora, hein, na área de humanas...Mesmo que não pese, não meça, não conte, não use trena tampouco tubos de ensaio!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Pão de queijo, acarajé, galinhada, pastel de feira, feijão troupeiro, beiju, tiramissu...e pastel de Santa Clara!


Meu blog de viagem está na semente, já dá pra ver a carinha dele (wwww. pastelsantaclara.blogspot.com), embora esteja "peladinho da silva", esperando as histórias que estão por vir.

O nome "Pastel de Santa Clara" era o meu preferido na enquete! Gulosa que sou, acho que poucas coisas dizem mais de um povo e de uma viagem que as comidas saboreadas! Pão de queijo mineiro, sarapatel nas festas juninas de Salvador, galinhada uberabense, ameixa de Araxá, pastel de feira em São Paulo, feijão troupeiro de Belo Horizonte, beiju da Chapada Diamantina, tiramissu da Fancesca... Talvez um dia escreva uma biografia "gastronômica", falando da minha vida a partir dos alimentos que marcaram cada fase, cada encontro.

Quando menina, gelatina colorida preparada pela minha mãe na volta da escola. As rosquinhas vendidas no cesto comidas no café da manhã (sinto o cheiro!). O bolo peteleco da minha tia Lucinha, sempre amorosa e risonha.

O bolo da minha vó Lina servido com o café com leite branquelo. Mais tarde, descobri que mais interessante que receber o alimento, era oferecer. Para mim, cozinhar é um exercício de amor. Planejar pensando nas preferências e limitações, tentar combinar o que já é conhecido e adorado na mesa com aventuras inéditas para o paladar, colocar uma florzinha singela...

Outro dia vi na televisão sobre alimentos considerados pelos chefs "acolhedores", como baunilha. Dá pra perceber que fiquei feliz com o nome, né? Vou achar uma receita de pastel de Santa Clara pra colcoar no blog. Por enquanto continuo no viveiro, minha casa.