segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cidades invisíves e amor


Quando eu fazia rádio, pensei um programa sobre cidades, na verdade sobre a cidade na qual eu morava, Belo Horizonte (MG-Brasil). A idéia era "descrever" a cidade, uma esquina, uma fachada, os dizeres em uma placa, os desenhos de uma calçada e perguntar para os ouvintes se eles conheciam o lugar do qual eu falava. Brincando entre amigos, descobri que a cidade é invisível para quem mora nela. Simplesmente, muitos dos meus descolados amigos não re-conheciam uma única imagem descrita! A brincadeira fez com que eles fossem re-apresentados a lugares que já faziam parte de suas histórias e memórias visuais. Eles não haviam "botado reparo". Uma cidade invisível, como no delicioso livro do Italo Calvino, é muitas vezes a cidade de todo dia. Para mim esse proceso de "botar reparo" é uma espécie de enamoramento com a cidade. Você namora a cidade na qual vive? Ficar assim, de bobeira, apreciando uma paisagem, descobrindo cafés, a melhor esfirra da praça, cuidar do jardim da casa (ou da varanda!), olhos nos olhos da vista da biblioteca! Estes pensamentos me chegam agora que estou prestes a ser apresentada a uma nova cidade. Já namorei mais cidades que homens! E aí vem Lisboa, cidade invisível pronta para ter um romance comigo! Mas acho que ele já é batsante amada pelos seus moradores, vejo como a descrevem na internet, textos lindos, paixonados! É muito triste quando uma cidade é "mal amada", como algumas que conheço...No final das contas, sempre termino falando em amor!

4 comentários:

Anônimo disse...

Cara Ana Paula,

Não sei se Lisboa está pronta para ter um romance contigo, mas ela já teve um romance com vários outros, inclusive com Saramago, que a descreve em "História do cerco de Lisboa".

Até a volta! (Ou seja, com mais tempo, voltarei mais vezes a esse canto da blogosfera...)

Anônimo disse...

Como assim Lisboa pronta para romancear comigo??? Ninguém nunca está pornto para o amor, essa avalanche que nos arrasta...
Sou mais divertida que o Aramago, que já ouvi ao vivo, e fez minha irmã dormir em sua platéia...Volte sempre.

Anônimo disse...

Dormi mesmo.

Anônimo disse...

Cara Ana Paula...durante alguns anos jamais havia vivido em outra cidade que não na qual eu nasci, Campinas - SP. Sempre fui apaixonada por ela. Uma paixão bairrista, que por vezes chegava a cegueira. Mas quando finalmente saí dela (para depois voltar)e fui, como você, ter um romance com Lisboa, a paixão por Campinas virou amor. Amor que enxerga os defeitos, critica o que vê mas sem deixar de desejar que continue ali, admira as belezas invisíveis, mas, principalmente, não único. Amor que descobriu-se tão grande ao ponto de não caber mais no espaço de onde veio e agora desejo sempre, me apaixonar novamente.
Um abraço,
Flávia