terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Afinal, pode a ciência ser divertida?

Aqui chove. Eu aproveito as derradeiras horas de 2008 para trabalhar na análise dos programas de TV que vim estudar. Realizo a tarefa sem grande entusiasmo. Minha sanfona me espera ansiosa para brincarmos em um canto do quarto. Ela tem olhos. Eu a acho muito obediente, poderia ser mais travessa. Mas ela espera quietinha, o fole suspira longamente. E eu a olho amorosamente. "Não é uma experiência, Carlota, é mais um aviso de perigo". Esquentar água no microondas pode ser perigoso, é o que diz o "cientista apresentador". Depois uma bola de sabão cheia de gás carbônico estoura e eles dizem "é mesmo assutador". Preciso ver Jogos Mortais, o último, antes que saia do cinema. Isso sim é assustador, e aliás, esta expressão nem precisa ser convocada ao longo da trama para que nós espectadores nos assutemos. Mas isso eu não posso dizer na tese, pois são impressões minhas. Minhas impressões só tem valia sem alguém mais velho, mais famoso, mais competente, que tenha publicado mais e principalmente "convencido mais pessoas da sua genialidade" tenha dito o mesmo que minhas impressões sinalizam. Parece-me que nem mesmo quem trabalha com ciência se emociona e se diverte com ela. Fazem programas de experiências e em casa espicham-se no sofá para ver Titanic. Talvez seja uma fase da minha caótica trajetória, e "se calhar" (como se diz aqui em Lisboa) eu volto a ver esse cenário com mais alegria. Na verdade, eu continuo a me emocionar com a ciência. Aqueles bebês medusas que vi no Oceanário de Lisboa (tem post sobre isso) arrancaram-me lágrimas! Só não sei se quer investir minha energia para que os outros se emocionem com isso. Ou ainda e pior, não sei se todos os outros que eu gostaria que se emocioanassem estariam preparados para conectar-se com esse tipo de emoção. (Neste momento, alguns leitores deverão estar a dizer: mulherzinha presunçosa, acha-se mais preparada, como se fosse de alguma maneira superior essa capacidade de se emocionar). Ok, acho que disse isso mesmo, quem quiser pode criticar ou enxovalhar-me. Mas não pode ser só isso, não é possível que os homens (e mulheres..) queiram tão pouco da vida! Um exemplo e encerro essa conversa. Houve um natal em minha casa, que alguém ganhou uma fita (faz tempo isso...) de música clássica (que não me lembro mais o que era). Pois bem, trocados os presentes voltamos á mesa e alguém colocou a música para tocar. De repente minhas irmãs chamam da sala eufóricas para vermos "algo". A cena era a seguinte: nosso gato embevecido pelo som que saía do aparelho encontrava-se na sala literalmente abraçado as caixas de som! A música causava nele uma espécie de frenesi, ele esfregava-se no aparelho, subia e descia, procurando um local no qual pudesse fruir a maravilha sonora ainda melhor! Aquilo foi lindo, um ser vivo hipnotizado pela beleza. Se um cérebro muito menos sofisticado como o do Mimi é capaz dessa experiência, não seríamos todos??

domingo, 28 de dezembro de 2008

Caixa preta

Na minha opinião, provavelmente grandemente "contaminada" pelo que sou, ser professor é ofício mais sofisticado que pode haver. Lidamos com o invisível, o que se desenrola na cabeça do outro, caixa preta inviolável. Inventamos maneiras para que este outro materialize o teatro de imagens que está a acontecer. Ele fala, ele escreve, ele constrói. Garimpamos evidências. Mas não há como saber. Alguns acreditam ingenuamente que a aprendizagem pode ser averiguada pelas avaliações/provas. Por vezes é ingrato ser professor. Semeamos o invisível, não sabemos se haverá colheita, e se houver muito certeiramente não estaremos por perto para apreciá-la. Trabalhamos arduamente no presente, mas o resultado pode só surgir no futuro. Nessa jornada, é bom termos outros professores por perto, ter com quem compartilhar estas angústias da profissão. Na minha trajetória estes colegas foram muitas vezes determinantes. Colegas mais experientes, diferentes de mim, que enxergavam outros vieses ou que simplesmente diziam doer no mesmo sítio onde me doía. Mesmo porque socialmente a profissão de professor aparece como uma prática simples: cobrir a lousa de lições, corrigir trabalhos de casa, aplicar provas e ganhar maçãs e flores dos alunos. Os alunos não são tabulas rasas! São indivíduos vivos e pulsantes, cheios de afetos e desafetos. Entre as competências que possuem e as que gostaríamos de ajudá-los a desenvolver há um oceano de complexidades que irão emergir bem no meio da nossa sala de aula! Cada aluno é mais que um copo físico, há um cenário mambembe ao redor de cada um com a história que cada uma traz e que poderá ser um facilitador ou um empecilho para o processo do aprender. As vezes tudo isso me cansa...Fico com vontade de ser outra coisa na vida, ganhar mais dinheiro, ir a reuniões produtivas, ter a admiração dos outros pela profissão que escolhi...
Mas aí, num domingão como este...cai do céu um email de um ex-aluno...Falando-me do que aprendeu comigo...do quanto foi importante....Uma declaração gratuita sobre o meu semear...E aí dá uma vontade boa de continuar semeando....
Foto da Praça da Espanha, Lisboa, inverno...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Véspera de Natal, amor e jardins


É difícil falar de amor sem parecer piegas. Mas como disse uma das vozes de Pessoa, "todas as cartas de amor são ridículas e não seriam cartas de amor se não fossem ridículas..". Então, nesta véspera de Natal, entrego-me a pieguice para falar de amor, que é o que realmente importa nesta vida (na minha opinião). Eu como tantas criaturas por aí gostaria muito de entender este sentimento. Não falo tão somente do amor entre um homem e uma mulher, mas também deste. Falo do amor que senti instantaneamente ao ver meu cachorro ruivo ainda bebê as margens de um rio, abandonado, amor que senti ao olhar para os olhos dele. Falo ainda do amor que sinto pelo meu sobrinho, que só faz aumentar e que me dá a sensação que não caberá no meu peito. Lembro que quando menina e minha mãe aprovou termos mais de um cachorro a aflição que senti ao pensar que talvez não houvesse amor para todos em mim. Mas o amor é este sentimento que multiplica-se, soma, que agrega, que partilha....Normalmente falamos pouco desse amor, ocupamo-nos muito dos amores que unem casais. Eu mesma, vez ou outra encontro-me envolvida em alguma "especulação mental" se é amor ou o que os fulanos sentem, ou o que eu mesma sinto. Para mim, o pior sentimento que pode associar-se ao amor é o medo. Medo de perder o outro, medo que o outro ame um outro, medo de mostrar-se como realmente se é... Quando as pessoas têm medo o amor perde sua beleza e morre. E o amor é um sentimento de vida, ele tem esse poder de despertar a vida nas pessoas (que sorriem mais, que ficam melhores, que se arrumam mais, que espalham flores, que dizem mansidões....). Em resumo, para mim, se houver dúvida se é amor o que está se viver e se é um amor bom, a pergunta a ser feita é: é fértil? há um jardim a florescer, mesmo que de pimentas? E se isso estiver a acontecer para os envolvidos, este é um amor que vale a pena ser cuidado, um amor bom...Mas é mais fácil o desacato ao entendimento, a guerra á paz, a separação ao encontro...É uma pena. Mas a vida continua e o amor continua a acontecer gratuitamente em nossos corações inesperadamente (não é o que chamamos de benção?).Desejo a todos neste Natal encontros de puro amor! O amor que dá vida aos olhos, aquece o coração e materializa-se em gestos, palavras e carinhos...
Foto Largo da Graça, quando fomos ver um coral de Natal. Foto tirada pela Tess.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Por favor, Manoel, não pára

Estava treinando minha sanfona quando encontrei esta notícia que o escritor Manoel de Barros vai parar de escrever. Como assim Manoel? Acho que não posso sobreviver a isso. De alguma maneira me acalma saber que você está aí em Campo Grande, fazendo travessuras com as palavras. Sei que é egoísmo meu, que você disse que sua visão está prejudicada...Mas se você parar de escrever agora, temo que meu "umbigo caia". Por favor, Manoel, não pare....

22/12/2008 - Manoel de Barros desvenda a infância da palavra
Mesmo quase sem escrever, Manoel de Barros não é o poeta triste e solitário à espera das horas. É na infância que ele continua a viver. E é dessa infância que nasce toda a sua poesia. Sua saudade é a fonte do minimalismo que eterniza as coisas sem importância do sertão pantaneiro. "Meu umbigo ainda não caiu. A ciência é essa: eu ainda sou infantil". Mas a sua ciência não é lógica, é um contra-senso. Tudo nele é contraditório e desaforado. Nas paredes da sala de sua casa estão ladeados um arlequim de Degas e um velho retrato do vagabundo de Chaplin. No escritório onde produz uma poesia que só explica com imagens, as paredes são brancas. Nas suas mãos estão os profetas bíblicos, embora ele já tinha dito que é comunista. Reservado, há mais de uma década ele se dedica a responder perguntas apenas por escrito. Foram raros os momentos em que se permitiu mostrar sob a palavra falada. Mas foi num desses raros momentos que ele recebeu a Caros Amigos em sua casa, em Campo Grande, cidade onde mora e mantém o seu "escritório de ser inútil, isto é, de ser poeta".Mas que fique claro: esta entrevista não se trata de um lançamento do seu novo livro. Ele faz questão de enfatizar: "Eu não lanço nada. Porque essa palavra "lançar", lá em Cuiabá, quer dizer vomitar. Então eu nunca vomitei e nem vou vomitar aqui".

Leia os principais trechos da entrevista:

Leituras
Estou só relendo. Essa rapaziada mais nova eu quase não leio, inclusive porque estou prejudicado. Leio vinte minutos e começo a lacrimejar. Então eu leio as pessoas que já conheço e que gosto muito. Gosto demais de ler o Padre Antonio Viera, Guimarães Rosa, Machado de Assis, e o velho testamento: os Profetas do velho testamento. Sou fanático pelo velho testamento - pela literatura, como livros de arte. Não encaro aquilo como livro religioso - também me interessa, mas gosto principalmente dos profetas, me agrada muito a linguagem. Mas me angustia, sim, essa coisa de ler pouco. Porque eu acho que a literatura e qualquer arte serve para desabrochar a imaginação. E se você não tem boa leitura, não tem boa musica, não tem boa pintura, a sua imaginação, pelo menos a minha, eu acho que fica um pouco embotada, fica um pouco sem caminho e não desabrocha. Eu tenho escrito muito pouco, a minha imaginação criadora está muito prejudicada. Eu estou bem castrado, sabe. Mas não é culpa minha, velho é isso mesmo, tem limitações. A gente tem que aceitar sem chorar.

Escritório de ser inútil
É muito pequeno, só cabe a mim mesmo. Eu tive uma biblioteca lá no Rio, porque eu morei lá muitos anos, e quando eu mudei para Campo Grande, encaixotei tudo para enviar, mas se perdeu tudo pelo caminho. Não sei se foi algum roubo... Mas era uma biblioteca boa. [Hoje] tenho muitos coisas antigas, mas não tenho essa vaidade [de ter livros raros ou autografados]. E escrevo sempre a mão, no lápis. Eu tenho muitos lápis usados, sabe, muitos, uns cem. Continuo escrevendo até o toco, e depois guardo.

O dom da palavra
Primeiro eu sou cristão, eu acredito no dom. A pessoa nasce como uma predisposição, que eu chamo de dom para a arte. Eu acho que nasci com esse dom. Porque desde que me entendi por gente, com 13 anos, interno no Colégio dos Maristas, que eu fui ler pela primeira vez o Padre Antonio Vieira, foi que descobri o que era poesia, o que era literatura, o que era uma aplicação literária pela palavra. Então eu fiquei apaixonado pela palavra. Você sabe o que é se apaixonar pela palavra? É você sonhar com ela, e você tomar nota, e de manhã você saber se ela dormiu... A partir disso, eu nunca mais quis me aplicar a outra coisa. Eu achei que isso era a minha única destinação. Eu acho que poesia é um parafuso a mais na cabeça, outra uma vez três de menos. E nunca mais saiu da minha cabeça essa predestinação, essa tara, esse homicídio, essa obsessão pela palavra. Desde que comecei a ler o Vieira, eu também comecei a escrever. Escrevi para o meu pai e para minha mãe que já tinha descoberto minha vocação, que não era pra médico, dentista, engenheiro; era pra fazer frase. Eu chamo isso de dom.

Influências
Eu li toda a literatura portuguesa, todinha. Então fui ler francês, Rimbaud, Baudelaire, e esse pessoal toda da língua francesa. Morei nos Estados Unidos por um ano, para ler os poetas de língua inglesa. Mas o Padre Vieira me assusta, pela linguagem própria dele, pela linguagem poética dele, que é uma linguagem literária mesmo, e então descobri o que era literatura. Passei a ler tudo dele, todos os Sermões que ele tinha feito na vida dele, com o maior gosto. Foi um negócio que me levou para toda a literatura quatrocentista portuguesa. Eu passei do Vieira para os outros, Gil Vicente, Camões , etc. Então eu li toda a literatura portuguesa.

Academia
Não conheço nenhum intelectual brasileiro. Conheci só o Carlos Heitor Cony, lá em Cuiabá, quando recebi um prêmio do governador, e o Cony estava lá. No meio de uma porção de gente, e ele me viu e me chamou. Ele disse: "eu quero te falar só uma coisa, eu quero que você vá para a Academia Brasileira de Letras". Eu disse: "de jeito nenhum, não gosto de chá!" Falei mesmo para ele: "Cony, eu não tenho espírito acadêmico, não sou obediente à língua portuguesa, eu gosto muito de corromper a língua, e então ta fora esse negócio da academia." Eu seria um mal elemento lá, um chato. Não dá certo para mim, eu não tenho muito facilidade de conversar com intelectuais, sabe.

Linguagem
Sempre achei a linguagem destroncada mais bela que a comum. E sei que isso foi a causa de meu tardio reconhecimento. Eu concordaria que a linguagem é a minha matéria plástica. Eu plasmo a linguagem para me ser nela. Agora eu não sei se sou um defeito das minhas origens ou um efeito delas. Gosto da semente da palavra, que é a voz de Deus, que habita nas crianças, nos tontos, nos Profetas e nos poetas. Gosto da infância da palavra.

Minimalismo
Penso que vem de minha infância esse olhar minimalista. Eu fui criado no chão a brincar com os sapos e com as lagartixas. Eu tenho paixão pelas coisas sem importância. As coisas muito importantes me aniquilam. Dou como exemplo a bomba atômica. Eu escrevi este verso: O cu de uma formiga é mais importante do que uma bomba atômica. E eu acho mesmo!

*Fonte: Revista Caros Amigos (Ano XII Número 141 Dezembro 2008)
E eu roubei daqui: http://www.aletria.com.br/noticias_abre.asp?id=1089

Fundilhos carcomidos

Uma das coisas que pretendo fazer aqui é conferir os brinquedos disponíveis nas lojas. Aí no Brasil já havia namorado o blog http://blogdebrinquedo.com.br/ sobre brinquedos e agora penso em conhecê-los de perto. Quero levar alguns para meu sobrinho e outros ligados a ciência para meu uso. Há de tudo! Você pode comprar, por exemplo, uma réplica da roupa de astronauta para crianças, que custa perto de 8 mil dólares. Os insetos têm uma categoria especial com brinquedos para captura, manutenção, observação e insetos eletrônicos e de montar muito giros (legais no português daqui...). Mas eu ainda não vi uma formiga ao menos (o frio...). Encontrei entre os brinquedos esse da foto, que me remeteu a minha infância. Eu e minha irmã tínhamos banheirinhas de plástico para nossos bebês iamginários. Eram banheiras grandes o suficiente para colocarmos nossos bumbuns e descermos ladeira a abaixo. A laderia eram as laterais de uma escada longaaaaaaaaa em nossa casa, para desespero da minha mãe. As banheirinhas ainda existem, e têm os "fundilhos" carcomidos pelo cimento. Como aquilo era divertido! Alguém inventou para as crianças um briquedo semelhante (como o da foto), fizeram o serviço para as crianças....Roubaram-lhes a oportunidade de inventar.
Mas vá lá....É bacana!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Por que nossos alunos encontram-se desmotivados?

Enquanto posto delicio-me com um generoso pedaço de panetone e aqueço-me com uma xícara fumegante de chá. Pena que não possa estender ao meu leitor minha "merenda" a fim de tornar esta conversa em um cena típica de um momento entre amigos. Quero falar sobre o post anterior, o comentário do meu visitante Dedalus (http://dedalus-atlas.blogspot.com/) e seu último post em seu instigante e poético blog, e ainda as muitas conversas com professores que tenho vivido aqui em Lisboa. Dedalus, sim, o Rubem Alves não é um apreciador da escola. Mas é importante esclarecer que ele não aprecia a escola tal qual ela está organizada. Há um livro(A escola com que sempre sonhei, sem imaginar que pudesse existir) no qual ele descreve uma escola que ele aprecia muitíssimo, a Escola da Ponte, localizada aqui em Portugal. Ele critica o formato decoreba, as práticas que reforçam o "não pensar", a pouca ousadia do educador. Se a escola é para você Dedalus um lugar bom, é preciso considerar que o mesmo não acontece para a a maioria das pessoas. Normalmente quando inquirimos alguém acerca dos seus sentimentos com relação a escola e este declara ter boas lembranças, basta algumas novas questões para descobrirmos que esta pessoa gostava mesmo das situações sociais, estar entre amigos. Entenda, eu digo isso com profundo pesar, pois tudo que eu mais queria na vida era que as pessoas se interessassem espontâneamente pelo conhecimento, independente dos nossos esforços como professores. E para mim a escola deveria ser o espaço fomentador dessa empreitada formativa do homem, como a Skolé de Epicuro! Mas infelizmente nossos alunos encontram-se desmotivados. Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas no ano passado revelou que aproximadamente 45% dos alunos que se encontram fora da escola no Brasil o estão pois "não querem a escola tal como ela é". Se uma criança vê uma aranha caminhar sobre a água e pergunta para sua professora como aquilo se dá e ela diz "ah! isso é assunto para a oitava série" não há como pedir que nossos jovens mantenham-se curiosos. Se eles são ensinados desde cedo que existem repostas corretas e respostas erradas não há como esperar que eles sejam quetionadores. Se há uma curiosidade genuína própria do bicho homem (e eu preciso acreditar que ela exista!) a escola com seus mecanismos enquadadores tem mutilado muitos dos nossos jovens. Insisto que se para você isso não foi assim, lembremos que as pessoas são diferentes, não pode haver um só modelo para a diversidade de formas de pensar. Aqui em Lisboa eu tenho participado de discussões de professores que têm tentando encontrar "outros jeitos de ensinar" insatisfeitos com o pouco envolvimento dos alunos com os conteúdos. Hoje estive com uma professora que testou uma metodologia diferente para o ensino de "astronomia". Lógico que lembrei do seu post. Ela inquieta-se com a pluralidade de respostas e desempenhos. Convocamos autores diversos da educação para tentarmos compreender. E eu com meus botões sempre pensei: "meu Deus! astronomia é um assunto maravilhoso! a aula está pronta, basta olhar para o céu e dizer 'eu vou contar uma história'..." Mas didatizamos a poética do cosmos, e os alunos reconhecem o formato escola, e regurgitam como podem. Dedalus, seu método parece funcionar para os Dedalus presentes nas suas turmas, mas imagino que você queria "encantar de ciência" aqueles que vivem no desencanto, não? Então precisamos pensar outros caminhos, outras estratégias. Dedalus, você é um contador de histórias. Sua descrição do siri nadando em seu blog foi uma das cenas mais graciosas e revigorantes com que me deparei ultimamente. Não sei o tipo de professor que é, mas você fala com essa paixão com seus alunos? Você chegou a pedir que eles produzissem algum modelo, colocou-os em ação? Fizeram alguma saída para um observatório, planetário ou mesmo uma saída noturna? Que tal um blog sobre o cosmos gerido pelos alunos? Quando dei aulas na universidade também tive problemas com a leitura dos textos (é um problema geral). Costumava fazer uma síntese dos textos previstos para as aulas seguintes ao final de um encontro, uma síntese bastante enfática, uma espécie de "semeadura"....Falei demais. Espero que esta conversa continue.

Alguns dados: 1) Nossos jovens nunca leram tanto! Onde? Na web...; 2) Programas educativos sob o formato History Channel são rejeitados pela população por assemelharem-se as práticas educativas proprias da sala de aula.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Olhos subtraídos...

Nesses tempos que tenho desejo de ver tanto...esse texto me veio a memória..

Curiosidade é uma coceira nas idéias
Rubem Alves
(www.aprendiz.com.br)

Eu estava com a cabeça quente. Queria descansar, parar de pensar. Para parar de pensar, nada melhor que trabalhar com as mãos. Peguei minha caixa de ferramentas, a serra circular e a furadeira e fui para o terceiro andar, onde guardo os meus livros.
Iria fazer umas estantes. As tábuas já estavam lá. Nem bem comecei a trabalhar de carpinteiro e fui interrompido com a chegada da faxineira. Com ela, sua filhinha de sete anos, Dionéia. Carinha redonda, sorriso mostrando os dentes brancos, trancinhas estilo afro. O que era de se esperar para uma menina da idade dela era que ficasse com a mãe. Não ficou. Preferiu ficar comigo, vendo o que eu fazia. Por que ela fez isso? Curiosidade. Curiosidade é uma coceira que dá nas idéias... Aquelas ferramentas e o que eu estava fazendo a fascinavam. Queria aprender.
"O que é isso que você tem na mão?", ela perguntou. "É uma trena", respondi. "Para que serve a trena?", ela continuou. "A trena serve para medir. Preciso de uma tábua de 1,20 m. Assim, vou medir 1,20 m. Veja!"
Puxei a lâmina da trena e lhe mostrei os números. Ela olhou atentamente. "Você já sabe os números?", perguntei. "Sei", ela respondeu. Continuei: "Veja esses números sobre os risquinhos. O espaço entre esses risquinhos mais compridos é um centímetro. Um metro tem cem centímetros, cem desses pedacinhos. Veja que, de dez em dez centímetros, o número aparece escrito em vermelho. É que, para facilitar, os centímetros são amarrados em pacotinhos de dez. Um metro é feito com dez pacotinhos de dez centímetros. E 1,20 m são dez desses pacotinhos, para fazer um metro, mais dois, para completar os 20 centímetros que faltam". Marquei 1,20 m na tábua com um lápis e me preparei para cortá-la.
Assim se iniciou uma das mais alegres experiências de aprendizagem que tive na vida. A Dionéia queria saber de tudo. Não precisei fazer uso de nenhum artifício para que ela estivesse motivada. O que a movia era o fascínio daquilo que eu estava fazendo e das ferramentas que eu estava usando. Seus olhos e pensamentos estavam coçando de curiosidade. Ela queria aprender para se curar da coceira... Os gregos diziam que a cabeça começa a pensar quando os olhos ficam estupidificados diante de um objeto. Pensamos para decifrar o enigma da visão. Pensamos para compreender o que vemos. E as perguntas se sucediam. Para que serve o esquadro? Como é que as serras serram? Por que é que a serra gira quando se aperta o botão? O que é a eletricidade?
Lembrei-me de Joseph Knecht, o mestre supremo da ordem monástica Castália, do livro "O Jogo das Contas de Vidro", de Hermann Hesse. Velho, ao final de sua carreira, no topo da hierarquia dos saberes, ele se viu acometido por um enfado sem remédio com tudo aquilo e passou a sentir uma grande nostalgia. Ele queria descer da sua posição para fazer uma coisa muito simples: educar uma criança, uma única criança, que ainda não tivesse sido deformada pela escola. Pois ali estava eu, vivendo o sonho de Joseph Knecht: a Dionéia, que ainda não fora deformada pela escola. Seu rosto estava iluminado pela curiosidade e pelo prazer de entrar num mundo que não conhecia.
Lembrei-me de Aristóteles em "Metafísica": "Todos os homens têm, por natureza, um desejo de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até de sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas, e, mais que todas as outras, as visuais...".
Acho que ele errou. Isso não é verdade para os adultos. Os adultos já foram deformados. Acho que ele estaria mais próximo da verdade se tivesse dito: "Todos os homens, enquanto são crianças, têm, por natureza, desejo de conhecer...".
Para as crianças, o mundo é um vasto parque de diversões. As coisas são fascinantes, provocações ao olhar. Cada coisa é um convite.
Aí a Dionéia sumiu. Pensei que ela tivesse voltado para a mãe. Engano. Alguns minutos depois ela voltou. Estivera examinando uma coleção de livros. "Sabe aqueles livros, todos de capa parecida? Os três primeiros livros estão de cabeça para baixo." Retruquei: "Pois ponha os livros de cabeça para cima!".
Ela saiu e logo depois voltou. "Já pus os livros de cabeça para cima." E acrescentou: "Sabe de uma coisa? O livro com o número 38 está fora do lugar". Aí aconteceu comigo: fui eu quem ficou estupidificado... Ela, que não sabia escrever, já sabia os números.
E sabia mais, que os números indicavam uma ordem. Fiquei a imaginar o que acontecerá com a Dionéia quando, na escola, os seus olhinhos curiosos serão subtraídos do fascínio das coisas do mundo que a cerca e vão ser obrigados a seguir aquilo a que os programas obrigam. Será possível aprender sem que os olhos estejam fascinados pelo objeto misterioso que os desafia?
Pois sabe de uma coisa? Acho que vou fazer com a Dionéia aquilo que Joseph Knecht tinha vontade de fazer...
var PS = "96690";

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Amigos para sempre

Porque estou com muitas saudades dos meu cachorros...Não sei se a história é verdadeira, mas é linda...


Burrice e verdade

"Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem"
Robert Musil, em O Homem sem Qualidades

Mas o traje da verdade, reparem bem, é "furtacor"...depende da luz, do jeito que se olha, de onde se olha...uma cor diferente se vê. Não?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A gente se acostuma com a beleza...?


Muitas fotos no pastel..Aqui é o Mosteiro dos Jerônimos. Veja mais lá: http://www.pastelsantaclara.blogspot.com/

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Cera de ouvido

"Há que se notar que 45,1% daqueles entre 15 e 17 anos que estão fora da escola não estão (na escola, nota minha) porque não querem a escola que aí está. este é o dado a ser ressaltado." Fundação Getúlio Vargas, 2007 (Centro de Políticas Sociais)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Miúdos, hormônios e greve geral


Hoje acompanhei a aula de uma turma por volta dos 12 anos em uma escola pública de uma cidade próxima a Lisboa. Uma aula de física, sobre astronomia. Os "miúdos" utilizaram um roteiro que buscava fazê-los entender o conceito de "velocidade média". A turma foi dividida, uma parte estava na aula de física, e o restante na aula de biologia. O laboratório era um laboratório como os concebemos e conhecemos no Brasil. Há aqui a figura de um técnico que auxilia o professor no preparo e limpeza do laboratório após a aula. O professor que já se aventurou a realizar aulas práticas no Brasil sem esse tipo de suporte sabe como isso pode contribuir para o trablaho do professor. Uma diferença interessante é que aqui, a partir dos 10/11 anos os meninos têm aulas separadas das "cadeiras" de biologia, física, química e geologia. No Brasil, o biólogo ministra as aulas de "ciências" que congrega estas disicplinas, sendo que geologia é assunto parelho entre ele e o professor de geografia. Pensei como seria bom ter as aulas de ciências só para estudar biologia, muito embora adore (depois de muito sofrer) alguns assuntos da física e da química, sem falar nas delícias tectônicas da geologia. Os miúdos mostraram-se interessados na aula e fizeram a bagunça de sempre. De sempre. Os impulsos e a efervescência hormonal é humana, universal. Eles chamam a professora de "setora" uma abreviação de algo que no passado era algo como professor doutor ou senhor doutor. Em Portugal, no momento, os professores estão em estado de alerta por conta de um sistema de avalição imposto pela Ministério da Educação. Estão todos muito bravos. Amanhã pretende-se uma greve geral, volto a falar disso então. Por hora, só declaro estar com saudade de ter miúdos meus.

Esta é a Ponte Vasco da Gama sobre o Rio Tejo, mais fotos no www.pastelsantaclara.blogspot.com

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sede e Vigotski

“Os gregos diziam que a filosofia nasce da surpresa. Em termos psicológicos isso é verdadeiro se aplicado a qualquer conhecimento no sentido de que todo
conhecimento deve ser antecedido de uma sensação de sede. O momento da emoção e do interesse deve necessariamente servir de ponto de partida a qualquer trabalho educativo.” (VIGOTSKI)
PS: Região entre o Pavilhão do Conhecimento e o Oceanário, Lisboa.