Quando eu fazia rádio, pensei um programa sobre cidades, na verdade sobre a cidade na qual eu morava, Belo Horizonte (MG-Brasil). A idéia era "descrever" a cidade, uma esquina, uma fachada, os dizeres em uma placa, os desenhos de uma calçada e perguntar para os ouvintes se eles conheciam o lugar do qual eu falava. Brincando entre amigos, descobri que a cidade é invisível para quem mora nela. Simplesmente, muitos dos meus descolados amigos não re-conheciam uma única imagem descrita! A brincadeira fez com que eles fossem re-apresentados a lugares que já faziam parte de suas histórias e memórias visuais. Eles não haviam "botado reparo". Uma cidade invisível, como no delicioso livro do Italo Calvino, é muitas vezes a cidade de todo dia. Para mim esse proceso de "botar reparo" é uma espécie de enamoramento com a cidade. Você namora a cidade na qual vive? Ficar assim, de bobeira, apreciando uma paisagem, descobrindo cafés, a melhor esfirra da praça, cuidar do jardim da casa (ou da varanda!), olhos nos olhos da vista da biblioteca! Estes pensamentos me chegam agora que estou prestes a ser apresentada a uma nova cidade. Já namorei mais cidades que homens! E aí vem Lisboa, cidade invisível pronta para ter um romance comigo! Mas acho que ele já é batsante amada pelos seus moradores, vejo como a descrevem na internet, textos lindos, paixonados! É muito triste quando uma cidade é "mal amada", como algumas que conheço...No final das contas, sempre termino falando em amor!
4 comentários:
Cara Ana Paula,
Não sei se Lisboa está pronta para ter um romance contigo, mas ela já teve um romance com vários outros, inclusive com Saramago, que a descreve em "História do cerco de Lisboa".
Até a volta! (Ou seja, com mais tempo, voltarei mais vezes a esse canto da blogosfera...)
Como assim Lisboa pronta para romancear comigo??? Ninguém nunca está pornto para o amor, essa avalanche que nos arrasta...
Sou mais divertida que o Aramago, que já ouvi ao vivo, e fez minha irmã dormir em sua platéia...Volte sempre.
Dormi mesmo.
Cara Ana Paula...durante alguns anos jamais havia vivido em outra cidade que não na qual eu nasci, Campinas - SP. Sempre fui apaixonada por ela. Uma paixão bairrista, que por vezes chegava a cegueira. Mas quando finalmente saí dela (para depois voltar)e fui, como você, ter um romance com Lisboa, a paixão por Campinas virou amor. Amor que enxerga os defeitos, critica o que vê mas sem deixar de desejar que continue ali, admira as belezas invisíveis, mas, principalmente, não único. Amor que descobriu-se tão grande ao ponto de não caber mais no espaço de onde veio e agora desejo sempre, me apaixonar novamente.
Um abraço,
Flávia
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